A situação do rio Tapajós está muito crítica.

São 43 barragens [previstas], já foram feitas duas na bacia do Tapajós, que são São Manoel e Teles Pires.

30 portos de soja, e tem mineração, tem duas ferrovias.

Então, o governo do estado do Pará entrou com o Decreto 1969, justamente onde passa por cima do nosso protocolo

como se ele fosse dono de nós.

Mas ele nunca sentou com o povo Munduruku nem com os outros povos para decidir o que nós queremos.

O nosso rio é onde o povo Munduruku nasceu, o rio é como a veia do nosso corpo

Precisamos cuidar, se você machuca uma veia do coração, uma veia que vai para outros órgãos,

Você sente o impacto.

Então, quando mexemos num lado do rio, o mundo todo sente o impacto.

Não é só nós que sentimos.

O mundo todo, o planeta, a Amazônia sente.

Então o governo tem uma mente muito doentia,

de pensar que o progresso, o desenvolvimento vai trazer algo de bom pra ele

mas pra nós não, é uma matança.

A gente é um povo muito guerreiro, que tá lutando contra esse progresso de morte,

progresso que está destruindo nosso rio.